Teatro: Como Vencer na Vida Sem Fazer Força (Comédia Musical) - Crítica


Está em cartaz no Oi Casagrande o musical "Como Vencer na Vida Sem Fazer Força" com Gregório Duvivier e Luiz Fernando Guimarães. A comédia é uma adaptação do clássico da Broadway dos anos 60 "How to Succeed in Business Without Really Trying", que recentemente teve adaptação premiadíssima com o eterno Harry Potter Daniel Radcliffe (Finch), posteriormente sucedido por Nick Jonas.

Fui assistir ao espetáculo meio receoso quanto a esta adaptação, pois nem o Gregório Duvivier, muito menos Luiz Fernando Guimarães, possuem trabalhos anteriores que envolvam música e dança. E o musical é repleto de coreografias complexas, apesar de músicas não muito memoráveis. Mas tive uma satisfatória surpresa em ver como ambos os atores conseguiram suprir suas deficiências nessas áreas com humor inteligente e preciso.

O espetáculo, adaptado pela dupla de gênios Charles Möeller e Claudio Botelho, conta a história do lavador de janelas J. Pierrepont Finch (Gregório), que começa seguir as orientações de um livro de autoajuda com três mandamentos para subir na vida: mentir, bajular os poderosos e puxar o tapete de quem está na frente. O esperto protagonista usa os truques para ingressar e ter sucesso na firma presidida pelo obtuso J.B Biggley (Guimarães), onde conquista o coração da secretária Rosemary (Letícia Colin). Entre um golpe e outro, ele precisa lidar com a gestora do RH Smitty (Gottsha) o arrogante Bud (Andre Loddi), sobrinho do presidente, e a atrapalhada Hedy LaRue (Adriana Garambone), amante de Biggley.

A grande pérola do musical é mesmo o texto. As músicas não são espetaculares, mas as coreografias, as letras e principalmente as interpretações são brilhantes. Destaque para três cenas, em que os personagens principais se confrontam no elevador, a dinâmica de Gregório com Adriana Garambone em sua primeira sala, e a cena da principal música do espetáculo, Brotherhood of man - Clube dos irmãos, na tradução de Claudio Botelho, com um vibrante número musical comandado por Gottsha.

O texto se destaca pela divertida sátira que faz do mundo das empresas, povoado de executivos medíocres, bajuladores e não raro completamente despreparados. Por tratar-se de uma sátira, apresenta muitos exageros e estereótipos (como o infame "O pessoal do marketing passa o dia em grandes reuniões sobre... nada. Seja um deles!"), mas ainda assim conseguem fazer o público se identificar com aquela realidade.

Gregório Duvivier está brilhante como o protagonista aparentemente frágil e muito perspicaz. Nesse sentido, chego a achar que foi proposital terem escolhido um comediante sem experiência em canto e dança, pois ele consegue ser muito convincente no personagem também inexperiente naquele sistema empresarial mas que com seu "jeitinho" consegue subir na vida. O "jeitinho" de Gregório para encobrir sua voz fraca e falta de habilidades para dança foi usar o humor. E o personagem lhe caiu como uma luva.

Apesar do Luiz Fernando Guimarães estar também engraçadíssimo e muito a vontade no espetáculo, o grande destaque do elenco é Adriana Garambone. Não só pelo texto de sua personagem, a secretária burra Hedy LaRue , ser muito bom, mas pois ela possui um timing de humor e uma dinâmica no palco absurda. Em todas as cenas em que esteve presente, mesmo como plano de fundo, ela roubava a cena, e nunca se tornava coadjuvante. Ao lado dela Gregório e LF Guimarães se tornavam praticamente side kicks.

Andre Loddi também está muito bom como o patético Bud Frump, com humor preciso. E em partipações menores destacam-se Fernando Patau (Twimble/Wally Womper), Ada Chaseliov (Miss Jones), Leo Wainer (Bert Bratt), Cássio Pandolfi (Gatch/ Toynbee) e Luiz Nicolau (Ovington). Mais centrados no canto e na dança o espetáculo conta ainda com Cristina Pompeo, Renata Ricci, Nadia Nardini, Carol Ebecken, Joane Mota, Kotoe Karasawa, Leandro Luna, Patrick Amstalden, Guilherme Logullo, Fabio Porto, Hélcio Mattos e Leo Wagner.

Na produção, destaque para a brilhante direção de Möeller, que acrescentou boas sacadas que não estavam presentes na versão original. A principal delas foi a de congelar e realçar a expressão de Finch com uma luz e orquestração singela, nos momentos em que o personagem apresenta o resultado de uma ideia sagaz. Como versionista, Claudio Botelho impede que o público se lembre de que texto e músicas foram traduzidos para o português, com uma versão sem sotaques e diálogos e letras soam perfeitamente naturais.

Espetáculo altamente recomendado, com elenco afinadíssimo e cenas que fazem o público quase rolar de rir, goste ou não de musicais. Até porque, as músicas, ironicamente, são a característica que menos importa no espetáculo.

Ficha Técnica:
Como vencer na vida sem fazer força 

Texto: Abe Burrows, Jack Weinstock, Willie Gilbert
Adaptação: Claudio Botelho
Direção: Charles Möeller
Elenco: Luiz Fernando Guimarães, Gregório Duviver, Adriana Garambone, Leticia Colin, Gottsha, Ada Chaseliov

Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos
Tempo de Duração: 150 minutos



Musical em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), até 16 de junho
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